domingo, 28 de setembro de 2008

Poema V

Um poeta dependurado.
Lado de fora -
Varanda.
E mais de fora: um sol que nasce.
Em suas mãos um cigarro,
Entre seus dedos: o mundo.

Um novo dia -
Aurora...
E se mata por dentro -
Sensibilidade.
São os sonhos que esvaem.
O café que acaba -
Na xícara.
O cigarro que finda -
No câncer
Na asma
Na fumaça
Na cinza
Na brasa
Na aurora
No acaso
Na vida.

É a bios cíclica dos pássaros,
Que amanhecem com o dia,
Mas voam em linhas...
Curvas
Retas
Vôos de fugas,
Na fugacidade como labor.

Morreu algumas horas o pensador,
E seus pensamentos -
Com ele.
Na sensível sátira
Da sacra realidade.

Suicidou duramente o músico,
Em um pianíssimo fúnebre,
No staccato ríspido,
No fortissimo bruto.
A brutalidade é algo,
Normal à quem se mata -
Em cada manhã.

Por um pouco de sangue -
Nas teclas.
Por um pouco de encanto -
Na pena.

Pena...
Pena...

2 comentários:

Milena Padmini disse...

"Morreu algumas horas o pensador,
E seus pensamentos -
Com ele.
Na sensível sátira
Da sacra realidade."

Gostei. Parabéns!

Lari skuld disse...

é, surgiu mais um poeta na familia...
muito lindo esse poema
adorei^^