segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Poema I

Sabe o que ela gosta de mim?
Da minha poesia,
Também da safadeza.
Gosta de meu falar incessante,
Das filosofias cotidianas,
E se encanta com cães,
Mesmo sujos e sarjetados,
Mesmo fétidos e desacabados,
Mesmo poetas.

Bem ela que anda falando de deus,
Andando sobre Tártaro,
Sob o Largo de Hades,
Em mim.
Bem ela!
Sobretudo ela.
Será que gosta de pássaros?
Que encanta com suas belezas,
Gostando de vê-los presos,
Amando sua certa certeza cálida?
Calada como sempre.
É minha mais bela maldição,
Vítima,
Contrição santíssima,
Arredia,
Meu punhal sujo de vida.

Sabe o que gosto dela?
Quando ela é.
Pois quando ela é,
Novamente fui,
Novamente sou,
E serei.

Posso ouvir sua voz.

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