segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Poema II

E no fim o que nos resta?
O último esperma
À vadiagem,
E também a lágrima
Ao mundo observável.
Ainda sinto o gosto,
Frio e viscoso,
Rubro e doloroso...
Seu puro sangue.

Ah, meus lábios!
Quentes como seu corpo.
Cadáver em chamas,
Respirar fulgurante,
e - amada amante - um grito!

"Está vendo esta terra!?
Cobrirá suas entranhas,
Comerá suas lembranças.
Antecipa-a!
Se farte da areia e do humus,
Nutre deste orgasmo profundo,
Chore sobre a carcaça imunda,
E vomite!
Retorne a ela o seu visco,
Seu asco,
Seu 'eu'!"

E naquele instante,
Exato então eterno segundo,
A terra será você,
E você então será o mundo.

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