sábado, 10 de janeiro de 2009

O Meio-Dia

Grilhões, grilhões, milhares e milhões, grilhões! É assim uma atmosfera cheia, não de vida e sorrisos, mas de estranhezas bizarras, de um silício macabro, de um sentimento de acabado enquanto as coisas de fato continuam. Às vezes o jovem se perguntava, e com toda a certeza do mundo, se perguntar é também existir, por que entao, continuava o interrogatório ao seu demônio, considerados lúcidos se uniam em uma esquizofrenia ganhada - por que Maria? - um bocado chamam de tradição, mas muitos, muitos mesmo cantam o hino de obrigação, é claro, obrigação como herança material, eu digo, não imaterial como tendem os sonhadores e românticos, e todos se intercalam em conceitos muito bem esteriotipados e botam violentamente, com sorriso nas faces, no gozo da carne, os grilhões de ouro, prata, coco, e por aí vai a variância do triste mundo que os de lá de cima dão o nome de criatividade, meu deus, "meu deus" - este ponto final ou talvez esta vírgula que inconscientemente nossos genes sociais fazem de exclamação - onde e como se classificam tais mentalidades e então questiono você, você mesmo Maria de meus pesadelos, qual motivo de agir assim?, através de qual relatividade, de qual razão ou circunstância que não é simplesmente a Maria de meus pesadelos, vestida tão simples e tão bela qual ave de mal agouro, pois se esconde atrás das grades que escondem a propriedade de seus ladrões, dei-me um motivo então deste saciar de Ideologias por mais antiga se faz tal princípio, me responda então as lógicas de tais negras roupas senão a tentativa de se esconder, oras, debaixo das asas dos corvos, na sorte de seus agouros, lembra, ó Maria, quando muito mal recitei alguns versos de Allan Poe, sendo na verdade que lhe disse apenas a historinha de fundo, daquele poema, o The Raven, salpicado das balas mortíferas do Nevermore, do Nunca Mais eterno, da esperança acabada, se lembra? Então na facilidade extrema de um relação simples, o interrogatório continua com o jovem assombrado pelo corvo em seu umbral, não se recorda daquela viagem, mesmo antes de ser a Maria de meus pesadelos, ao meu encontro, e muito mais certo do seu, o seu encontro, longe desta terra de ninho de pássaros sombrios, e tendo toda a certeza do universo, também era seu desejo interno e intenso, mas a sobriedade de uma ave de mal agouro ainda lhe acalentava, e preferiu a proximidade da desesperança do que a incerteza longíqua do superação do seu ego, e então ficou assim, meia perna em um mundo cotidiano e, logo após ser a Maria de meus pesadelos, com uma âncora na vida libertina. Ah! Como então reflete o jovem sobre tais grilhões, espera então a bênção do padre, o milagre do véu e grinalda, para então ser arrastada por este mesmo piar negro até este meio que teme tanto quanto aos bichos infectos, dos dragões rastejantes e os krakens marítimos. Este então é o grande sentido dos grilhões dourados: a libertinagem ganhada aos personagens de pesadelos sem coragem, divididos e de roupas bem engomadas, ao contrário do jovem bêbado, caminhante incerto, sarnento, multi-colorido, comedor de lixo e amigo dos humanos noturnos.