domingo, 9 de agosto de 2009

A Tortura

Dias muito estranhos. Era uma vez um rebelde, preso e torturado, mas cada gota de sangue que lhe desprendia do corpo, cada carga elétrica que lhe completava as dores do cárcere, e do cárcere cada segundo, era sôfrego porem vitorioso, como o soldado ferido pela bala lembrando de sua causa, da memoria do filho sobre os bons dias e a heroicidade paterna, mesmo sendo crápula na profissão de pai, mas o seu fim como soldado, deitado sobre escombros e com uma bala mortífera encrostado em suas vísceras, supera qualquer julgamento. Foi assim na primeira vez, porem na segunda, já na visão dos guardas e das maquinas, abriu um sorriso, não de felicidade, não de fraqueza, mas pior que tudo isto, de conformação. Deixara de sofrer com o pau-de-arara, os mergulhos no balde, deixara de pensar em sua causa, porque sua gloria e' a marca da dor de outros tempos. Ele precisa voltar aos urros, ao ranger de dentes, pois isso lhe deixa nobre como um rebelde.

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